Prestes a correr a Maratona do Rio, no próximo dia 27, Kauana Araújo vive uma tragédia pessoal a que poucos não sucumbiriam: a perda trágica de um irmão. Mas se a corrida como terapia para alguns têm valor metafórico, para ela é nada menos do que a verdade.
**************
As semanas que antecedem o Dia M não são fáceis. Tantos são os treinos, calos e o cansaço que a gente não vê a hora de acabar logo com isso e correr os 42K. Pior é ter de trabalhar e fazer faculdade, viver, enfim, mientras tanto.
Como se isso fosse pouco, uma bomba explodiu dentro de mim.
A notícia que eu perdera um irmão de uma forma violenta chegou rapidamente e, com a mesma velocidade, corroeu por dentro. Se ferida estava, ferida fiquei mais. Perder alguém jamais será algo que conseguirei tirar de letra. Em se tratando de sangue, ainda mais: dói e rasga por dentro sem escrúpulo.
Mas se o baque foi grande, a vontade de sobreviver a ele também foi. E o treino para maratona me ajuda nisso. Ainda tenho dois longões para espairecer a cabeça e muitos tiros para me livrar do que veio para machucar. Além disso, o trabalho de força se intensificou para prevenir lesões ou desconfortos antes e depois da prova. Dois dias da semana são destinados a isso, além da sessão de bike para quebrar a rotina.
Tudo me serve como lenitivo à dor. Serve também como motivação para persistir em direção à alguma coisa que permite manter meu coração cheio de esperança. Há certos momentos em que é preciso fazer algo muito intenso para não cair num abismo sem fim.
Ano passado, pouco antes da minha estreia em maratona, tive outra perda, a de meu avô, e, assim como daquela vez, pretendo seguir firme e disposta a usar toda minha energia e raça.
Ainda tem muito chão, muita luta e muitas barreiras para serem vencidas. Que eu não perca jamais a minha fé!
The post A corrida como terapia 2: o luto appeared first on Jornalistas que correm.